E
Maria ficou lembrando todas essas coisas; pensava muito nelas
e ia
guardando tudo no coração. Lucas 2.19
Dorme,
criança, dorme que a noite está fria e contempla o teu rosto
sereno. Fecha agora teus olhos, breve eles verão a miséria do mundo
e as dores dos que vivem sós, doentes e perdidos.
Não
chores, meu meigo menino, eis o seio de tua mãe para a tua fome. O
leite materno é doce e perfumado como a rosa, mas um dia beberás o
cálice amargo das nossas dores, o vinho tinto dos nossos pecados. E
haverás de matar a fome do mundo com tua carne e teu sangue, pão e
vinho para muitos que hão de ouvir teus ensinos e crer.
Ouve,
criança, o galo que canta na noite distante. Será que ouviu o teu
choro? Será que ele pensa que a aurora já chegou? Talvez ele cante
sem saber o motivo, como testemunho da tua luz entre os homens. Um
dia ele cantará a negação dos homens, numa noite triste e escura.
Olha,
o burrinho já dorme. Viu como seu olhar é sereno e amigo? Pesos e
cargas carrega o burrinho, tem a força que não sabemos medir. Um
dia ele te levará como rei pela cidade santa, mas Tu levarás sobre
ti o peso dos pecados da humanidade.
Dorme
em teu berço de palha, meu santo menino. Que artesão trabalhou a
madeira e deu forma à manjedoura? Só tu sabes, menino, em teu
silêncio divino, onde as mãos humanas encontram as mãos do
destino. Uma cruz te espera, quem será o carpinteiro? Abrirás os
teus braços e teu amor nos abraçará.
Extraído
do livreto Cada Dia
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