Justos
e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações!
Apocalipse
15.3
O
incidente que segue é relatado pela Sra. Spurgeon, uma mulher que
conheceu o sofrimento por mais de vinte e cinco anos.
“Ao
fim de um dia escuro e tristonho, estava eu deitada em meu divã,
enquanto a noite descia; e embora tudo estivesse claro me meu quarto
gostoso, um pouco daquela escuridão lá fora começou como que a
entrar em minha alma e a obscurecer minha visão espiritual. Em vão
eu procurava ver a mão que eu bem sabia estar segurando a minha e
guiando meus pés, calçados em névoas, ao longo da íngreme e
escorregadia vereda do sofrimento. Em tristeza, meu coração
perguntou: “Por que será que meu Senhor trata assim um filho Seu?
Por que será que tantas vezes me envia esta dor tão aguda? Por que
será que permite que esta fraqueza demorada impeça o serviço que
eu tanto anelo prestar a Seus pobres servos?”
“Estas
perguntas ansiosas foram depressa respondidas, e por meio de uma
linguagem muito estranha; nenhum intérprete foi necessário, além
do consciente segredar do meu coração”.
“Por
um instante reinou silêncio no pequeno aposento, interrompido apenas
pelo estalar da acha de carvalho na lareira. De repente ouvi um som
doce e suave, uma pequena e clara nota musical, como o leve trinar de
um passarinho à minha janela”.
“O
que será? Por certo nenhum passarinho vai estar cantando lá fora
nesta época do ano a estas horas”.
“Novamente
vem a fraca e lamentosa nota; tão doce, tão melodiosa, e contudo
bastante misteriosa para provocar admiração”. Minha amiga
exclamou:
“Ouça!
Vem da acha de carvalho no fogo!” O fogo estava deixando livre a
música aprisionada no âmago do carvalho.
“Quem
sabe se ele não tinha armazenado este canto nos dias em que tudo lhe
ia bem, quando passarinhos saltitavam alegremente em seus ramos e o
sol lhe dourava as tenras folhas. Mas ele tinha envelhecido, desde
então, e tinha-se endurecido, anel após anel de crescimento lhe
havia marcado de nós o tronco e selado a esquecida melodia, até que
as chamas vieram consumir sua insensibilidade, e o ardor veemente do
fogo arrancou dali um canto... ‘Ah’, pensei, ‘quando o fogo da
aflição tira de nós hinos de louvor, então estamos de fato
purificados, e o nosso Deus é glorificado!’
“Quem
sabe se algum de nós não está como este velho carvalho – frio,
duro, insensível; e não produziríamos sons melodiosos a não ser
por meio do fogo, ardendo à nossa volta e liberando notas de
confiança nEle e de alegre assentimento à Sua vontade”.
“Enquanto
eu refletia, o fogo crepitava, e minha alma achou conforto na
parábola tão estranhamente trazida ao meu coração”.
“Cântico
nas chamas! Sim, com a ajuda de Deus, e se essa for a única maneira
de tirar harmonia destes corações duros e insensíveis, seja a
fornalha aquecida sete vezes mais”.
Extraído
do livro Mananciais no Deserto – Lettie Cowman 13/03
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