quarta-feira, 4 de março de 2020

LEITO ALAGADO


     “Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago” (Salmo 6.6).

Entre o berço e a sepultura caminhamos em meio a muitas lágrimas. A vida não se desenrola num canteiro engrinaldado de flores, mas num solo batido pelo tropel das multidões que vem, que vão e que passam. Circunstâncias medonhas nos entrincheiram. Pessoas difíceis conspiram contra nós. Pressões de fora e temores de dentro nos assaltam sem trégua. Nessas horas a dor pulsa em nosso peito, as lágrimas rolam em nosso rosto e os gemidos brotam da nossa alma.
Davi confessa que está cansado; não de trabalhar, mas de gemer. Os gemidos expressam dores que não conseguimos articular em palavras. O salmista está vivendo um drama tão profundo que os gemidos não vêm e vão, mas vêm e ficam. Instalam-se no castelo de sua alma. As noites são um tormento para ele, pois em vez de descanso, é açoitado pela dor. Sua angústia é tal que ele não sabe fazer outra coisa se não gemer. Seu choro é copioso. Ele chega ao ponto de alagar seu leito com as lágrimas.
Numa linguagem superdimensionada, Davi retrata seu leito como uma piscina que transborda com suas lágrimas. Seu choro não é apenas contínuo, mas também copioso. O que nos conforta é que o consolo divino é maior do que a nossa dor. Deus não desampara os seus. E, ao fim, Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima!

Extraído do livreto Cada Dia – 04/03/20

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