Entristecidos,
mas sempre alegres.
(2
Coríntios 6.10)
Tristeza
era bela, mas sua beleza era como a beleza do luar, quando
passa através dos ramos das árvores na mata e forma pequenas
poças de prata pelo chão.
Quando
a Tristeza cantava, suas notas soavam como o doce e suave
gorjeio do rouxinol, e em seus olhos havia aquele ar de quem
cessou de esperar pela vinda da alegria. Ela sabia,
compadecidamente, chorar com os que choram; mas alegrar-se com
os que se alegram era-lhe desconhecido.
A
Alegria era linda também, e a sua beleza era como a beleza
radiante de uma manhã de verão. Seus olhos ainda traziam o
riso alegre da meninice, e em seus cabelos pousava o brilho do
sol. Quando a Alegria cantava, sua voz se lançava aos ares
como a da cotovia, e seus passos eram como os passos do
vencedor que jamais conheceu derrota. Ela podia alegrar-se com
os que se alegram, mas chorar com os que choram era-lhe
desconhecido.
“Nós
nunca podemos estar unidas”, disse a Tristeza pensativa.
“Não,
nunca”. E os olhos da Alegria ficaram sérios, quando
respondeu. “O meu caminho atravessa campos ensolarados; as
roseiras mais lindas florescem quando eu passo, para que as
colha, e os melros e tordos esperam minha passagem, para
derramar seus mais alegres trinados”.
“O
meu caminho”, disse a Tristeza afastando-se vagarosamente,
“atravessa a mata sombria; minhas mãos só podem encher-se
das flores noturnas. Contudo, toda a beleza e valor que a noite
encerra me pertencem! Adeus, Alegria, adeus”.
Quando
ela acabou de falar, ambas tiveram consciência de uma presença
próxima; indistinta, mas com um aspecto de realeza. E uma
atmosfera de reverência e santidade as fez ajoelharam-se
perante Ele.
“Eu
O vejo como o Rei da Alegria”, murmurou a Tristeza, “pois
sobre a Sua cabeça estão muitas coroas, e as marcas das Suas
mãos e pés são marcas de uma grande vitória. Diante dEle
toda a minha tristeza está se transformando em amor e alegria
imortais, e eu me dou a Ele para sempre”.
“Não,
Tristeza”, sussurrou a Alegria, “eu o vejo como o Rei da
dor; Sua coroa é de espinhos, e as marcas das Suas mãos e pés
são marcas de uma grande agonia. Eu também me dou a Ele para
sempre, pois a tristeza com Ele deve ser muito mais doce do que
qualquer alegria que eu conheço”.
“Então,
nEle, nós somos uma”, exclamaram com júbilo; “pois
somente Ele poderia unir Alegria e Tristeza”.
De
mãos dadas, saíram elas para o mundo, para segui-LO na
tempestade e na bonança, na desolação do inverno e na
alegria do verão, “entristecidos, mas sempre alegres”.
O
servo do Senhor
Embora
entristecido
Pelas
coisas que oprimem
E
a batalha cerrada
Porque
os dias são maus.
E
os tempos, trabalhosos!
Conhece
uma alegria
E
uma paz interior
Que
o mundo não conhece,
E
que ninguém lhe tira:
O
gozo e a paz de Deus!
Extraído
do livro Mananciais no Deserto – Lettie Cowman
19/08
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