segunda-feira, 30 de junho de 2025

Silêncio, e ouvi uma voz

 

Silêncio, e ouvi uma voz. Jó 4.16

Há tempos um amigo deu-me um livro para ler, intitulado Paz Verdadeira. Era uma mensagem antiga, dos tempos medievais, e continha apenas um pensamento: que Deus estava aguardando no íntimo do meu ser, para poder falar-me. Bastava que eu ficasse bastante quieto para ouvir a Sua voz.

Achei que isto seria muito fácil, e então comecei a ficar quieto. Porém, mal eu havia começado, e uma multidão de vozes atingiram meus ouvidos, mil e um sons de fora e de dentro, exigindo a minha atenção até que eu nada podia ouvir, senão a sua bulha e ruído.

Alguns eram a minha própria voz, minhas perguntas, minhas próprias orações. Outros eram sugestões do tentador e vozes vindas do tumulto do mundo.

De todos e para todos os lados eu era empurrado e puxado e saudado com ruidosas aclamações e um indescritível desassossego. Parecia-me que era necessário atender a algumas delas e responder a outras; mas Deus me disse:

Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus”. Então surgiu o conflito de pensamentos pelo dia de amanhã com seus deveres e cuidados; mas Deus disse: “Aquietai-vos”.

E enquanto eu ouvia, e ia aprendendo devagar a obedecer e fechar os ouvidos a todos os sons estranhos, percebi, depois de algum tempo, que quando as outras vozes cessaram – ou eu deixei de ouvi-las – uma voz mansa e suave começou a falar bem dentro do meu ser, com ternura e poder, trazendo-me grande conforto.

Ao ouvi-la, ela se tornou para mim uma voz de oração, de sabedoria e dever. Não precisei mais esforçar-me tanto para pensar, ou orar, ou para confiar; aquela voz mansa em meu coração era a intercessão do Espírito, a resposta de Deus para todas as minhas perguntas; era a vida e a força de Deus para a minha alma e corpo. Ele tornou-se a verdadeira essência do conhecimento, a minha oração e a minha bênção: o próprio Deus vivo como minha vida e meu tudo.

É assim que o nosso espírito bebe a vida de nosso Senhor ressurreto, e seguimos para os conflitos e deveres da vida como uma flor que bebeu, na sombra da noite, as gotas frescas e transparentes de orvalho. Mas assim como o orvalho não cai em noites de tempestade, assim esses orvalhos da Sua graça não caem sobre alma que não pára quieta. – A. B. Simpson

Extraído do livro Mananciais no Deserto – Lettie Cowman 30/06

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