domingo, 2 de maio de 2021

E Senhor tem estabelecido

 E Senhor tem estabelecido e Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo. Salmo 103.19

      Certo dia no princípio da primavera, eu estava saindo à porta, quando de repente um golpe de vento noroeste veio entrando – impiedoso, desagradável, debilitante – levantando, ao passar, uma nuvem de poeira.

      Fechei a porta e estava tirando a chave do trinco, quando disse um tanto impaciente: “Ah, esse vento, gostaria que ele...” – eu ia dizer: mudasse, mas contive a palavra e a frase nunca se completou.

      Enquanto fui andando, o pequeno incidente tornou-se para mim numa parábola. Era como se um anjo tivesse vindo a mim, dizendo:

      “Meu Mestre te saúda e manda-te isto”.

      “O quê?” perguntei.

      “A chave dos ventos”, disse o anjo, e desapareceu.

      Agora sim eu ia ficar contente! Corri para o lugar de onde vinham os ventos e me pus entre as suas cavernas. “Pelo menos acabarei com o vento noroeste, e ele não nos aborrecerá mais”, exclamei. E fazendo recolher-se aquele vento indesejável, fechei a porta atrás dele. E ouvi os seus ecos pelas cavernas. Virei a chave na fechadura, em triunfo. “Pronto”, falei, “acabamos com ele”.

      “Qual escolherei no seu lugar?” perguntei a mim mesmo, olhando em volta. “O vento sul traz bom tempo”: e pensei nos rebanhos e em toda a vida nascente em toda parte, e nas flores despontando nas cercas-vivas. Mas quando coloquei a chave na sua porta, ela começou a me queimar a mão.

      “O que estou fazendo?”, exclamei. “Quem sabe que danos irei causar? Como posso saber o que querem os campos? Milhares de males podem resultar desta minha loucura”.

      Confuso e envergonhado, olhei para cima e orei para que o Senhor me enviasse o Seu anjo outra vez para tomar a chave; e de minha parte prometi que não a queria mais.

      Mas eis que o Senhor mesmo Se pôs ao meu lado e estendeu a mão para pegar a chave. Ao deixá-la em Sua mão, vi que pousou de encontro ao sagrado sinal de cravo.

      Doeu-me pensar que alguma vez eu tivesse murmurado contra qualquer coisa executada por Aquele que trazia tão sagradas marcas de amor. Ele tomou a chave e a colocou no Seu molho.

      “Tu é que guardas as chaves dos ventos?” perguntei.

      “Sim, Meu filho”, respondeu com mansidão.

      Olhei outra vez para aquele molho, e lá estavam todas as chaves de toda a minha vida. Ele viu meu olhar surpreso e perguntou: “Não sabias Meu filho, que o Meu Reino domina sobre tudo?”

      “Sobre tudo, meu Senhor!” respondo; “então não convém que eu murmure coisa alguma?” ele colocou a mão amorosamente sobre mim e disse: “Meu filho, a única coisa que te convém é em tudo, amar, confiar e louvar”. – Mark Gui Pearse   

Extraído do livro Mananciais no Deserto – Lettie Cowman  02/05  Salmo 103.19

      

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